A Comissão de Política de Relações Trabalhistas da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CPRT/CBIC) realizou, no último dia 26, o Seminário Técnico de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção, com a apresentação de duas cartilhas produzidas pela CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (SESI). O objetivo do seminário foi reforçar a importância do combate a doenças, acidentes no trabalho e, principalmente, promover a importância da prevenção no mês em que se celebra o Abril Verde.
O presidente da CPRT, Fernando Guedes, foi o mediador do evento e lembrou da relevância do tema. “Estamos realizando a campanha Abril Verde, no mês em que se discute muito a temática saúde e segurança no trabalho. A ideia é sempre trazer debates construtivos sobre o assunto, discussões técnicas e disponibilizarmos os materiais orientativos, produzidos pela CBIC”, afirmou.
O primeiro painel tratou sobre a Cartilha Áreas de Vivência na Construção com base na Nova NR-18, apresentada pela consultora técnica e gerente de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) do Serviço Social da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Seconci-DF), Juliana de Oliveira.
Além da consultora, participaram o especialista de Desenvolvimento Industrial do SESI-DN, Dernival Neto e o auditor fiscal do Trabalho, Antônio Pereira do Nascimento. Juliana de Oliveira explicou que a cartilha traz as atualizações da Norma Regulamentadora – NR 18, para auxiliar as empresas e funcionários a aplicarem as mudanças no dia a dia no canteiro de obra. “A atualização da norma trouxe uma simplificação, desburocratização e uma harmonização com outras normas”, afirmou.
Segundo Juliana, as principais mudanças introduzidas no novo texto são referentes à alterações na área de vivência nos canteiros de obra, destinada a suprir as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer e convivência de seus trabalhadores. Entre as alterações estão a instalação de chuveiros individuais com portas que impeçam o devassamento, ficando, portanto, proibido o uso de chuveiros coletivos; área mínima para os vestiários; necessidade de projeto específico para áreas de convivência; utilização de banheiros químicos, de acordo com pré-requisitos, entre outros.
A respeito do espaço de vestiários, o auditor fiscal do Trabalho, Antônio Pereira, apontou a atenção para a metragem total do ambiente, que exclui as áreas de chuveiro e vaso sanitário. “É preciso muita atenção na hora da montagem dos vestiários, muita gente tem achado que inclui a área de chuveiro e vaso sanitário, e não inclui”, destacou.
Além desses pontos, a norma ainda inclui a retirada da exigência de ambulatórios com 50 ou mais trabalhadores e a proibição de uso de contêiner utilizados em transporte de carga.
Juliana de Oliveira destacou, ainda, a importância das novas regras. “A área de convivência é o cartão de visitas da obra, tem que estar bem apresentada e organizada. É fundamental que seja dada a devida importância a ela. Esse tipo de ambiente melhora a qualidade de vida do trabalhador, aumenta a produtividade e reduz acidentes de trabalho e doenças ocupacionais”, finalizou.
Durante o evento, o especialista de Desenvolvimento Industrial do SESI-DN, Dernival Neto, frisou que vê o material como fundamental e que o conteúdo é completo e de qualidade. “Essa cartilha é muito importante para todos os prevencionistas e gestores de obras, ela preenche uma lacuna para quem sente falta de um material com orientações mais direcionadas e está bem completa, traz esclarecimentos e ilustrações para prosseguir com um projeto atendendo as legislações adequadamente”, ressaltou.
No segundo painel do dia, o tema foi a Cartilha SPIQ – Sistema de Proteção Individual Contra Quedas na Indústria da Construção. O debate reuniu a supervisora de SST do Seconci-MG, Andreia Kaucher, o consultor técnico especialista em Desenvolvimento Industrial do SESI-DN, Dernival Neto, e o auditor fiscal do Trabalho, Antônio Pereira do Nascimento.
A mediadora do painel, Andreia Kaucher, reforçou a importância de nunca parar de discutir o tema. “Não podemos parar de discutir esse tema. É necessária uma mudança de cultura para incentivar a proteção ativa e não passiva. Temos que espalhar esse debate”, apontou.
Dados estatísticos de acidentes fatais na Inglaterra e Estados Unidos foram apresentados pelo painelista Marcos Amazonas, que destacou a necessidade de prevenção no trabalho em altura.
De acordo com o especialista, estudos identificaram três fatores como prioritários:
- Segurança no projeto – de forma real;
- Hierarquia da segurança – usada e justificada;
- Custos em penalidades/multas – altas e significativas.
Sobre a disponibilização da cartilha, “espero que seja o começo de um processo e que a gente consiga destacar esse material com a devida importância”, disse Amazonas.
Já o consultor técnico e engenheiro de SST, Robinson Leme, destacou que “é preciso trabalhar na eliminação dos riscos e também em medidas de proteção coletiva, com cuidados e inspeção dos equipamentos do SPIQ”.
A maioria das obras que têm algum tipo de falha, é por falta de planejamento. “Os prazos curtos e a falta de participação dos profissionais de segurança são os principais motivos para as falhas de algumas empresas”, apontou Antônio Pereira.
Uma cultura prevencionista dentro dos canteiros de obra é fundamental. O presidente da CPRT, Fernando Guedes afirmou que os projetos têm que focar na segurança. “Não podemos tratar a segurança do trabalho como custo, mas como investimento. Isso é retorno para o trabalhador e para o empregador”, afirmou.
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(Fonte: Agência CBIC 27/04/22)